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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Deserto do Atacama - Parte III


O próximo passeio foi Geysers del Tatio, um dos lugares mais impressionantes que pude conhecer. A van da agência passou no albergue as quatro da manhã, são noventa quilômetros que separam San Pedro até os Geysers.  Estão localizados na Cordilheira do Andes, é um campo geotérmico com mais de quatro mil e duzentos metros de altura.



Neste passeio é aconselhável levar roupa de frio, como gorro, luvas, jaquetas, moletons, pois a temperatura é muito baixa, neste dia, estava quinze graus abaixo de zero.


Entre seis e sete da manhã, os Geysers  produzem sua máxima expressão, são fumarolas de vapor e de água com temperaturas atingindo 85°C, e emergem do solo com força,  atingindo alturas de aproximadamente entre sete e oito metros. O colorido do céu e da terra se destaca.
Em seguida é servido um delicioso café da manhã, com bolachas, queijo, pães, leite, chá, bolos, biscoitos, uma delícia!!! O mais incrível (foi) que o guia colocou a caixinha de leite para esquentar perto de um dos Geysers, e cerca de cinco minutos estava quente, inacreditável!!!


Saímos de lá e partimos para outro Geyser, este com uma diferença, possuía uma piscina de água termal aquecida, na qual se podia entrar.


No caminho de volta para San Pedro, se encontra uma minúscula vila atacamenha, Machuca, com somente 10 habitantes, com uma única criança. Seus habitantes se dedicam à agricultura, produção de queijos, criação de Lhamas. Foi neste povoado que experimentei o “churrasco de Lhama”, por sinal, muito bom, lembra muito o filé mignon.







domingo, 23 de outubro de 2011

Deserto Atacama - Parte II



O segundo passeio programado foi Lagunas Altiplanicas y Salar, a van da agencia me buscou no albergue por volta da seis da manhã. Neste passeio até chegarmos ao destino final há três paradas.
A primeira parada foi no município Toconao (ou Valle Escondido), um pequeno oásis em meio ao deserto, com uma população de 800 habitantes que vive principalmente de agricultura e criação de lhamas. As construções são feitas com a pedra liparita, de origem vulcânica. A principal atração é o campanário que foi construído independentemente da igreja, datado de 1750, que tem telhado e portas feitas de madeira de cactus. No interior da igreja, um presépio muito peculiar: junto às tradicionais imagens somava-se um vulcão com lagarto e flamingos.

A segunda parada foi na Laguna de Chaxa, localizada no setor oriental do Salar de Atacama. Lembrando que este Salar, é o terceiro maior do mundo, perdendo apenas para o da Bolívia e do Estados Unidos.  A laguna faz parte da Reserva Nacional dos Flamencos. O cenário é impressionante, cheio de crostas de sal e com um cheiro não muito agradável, porém, totalmente suportável, exalado pelo sulfato. Em meio às crostas, surge a laguna decorada com os flamingos, que ficam concentrados com a cabeça dentro d’àgua procurando comida (atividade que ocupa 70% de seu dia) ou então se exibindo com voos belíssimos. São três espécies que frequentam a laguna: o Flamenco Chileno, Flamenco Andino e o Flamenco James.



                   A terceira parada foi o pequeno povoado de Socaire. Foi lá que almoçamos, e o almoço já estava incluído no “pacote”. No cardápio como entrada sopa de verduras, e o prato principal foi arroz, frango e quinoa uma espécie de grão, indispensável à alimentação e à vida do homem no altiplano andino.  A característica principal do povoado é que ele é habitado principalmente por mulheres e crianças. O que passa é que os homens em sua maioria trabalham nas minas, ficando dez dias fora a trabalho e retornando para quatro dias de folga, sendo que desses dias passam a maior parte do tempo bebendo (a incidência de alcoolismo no povoado é muito alta e é tema de estudo). Os jovens também deixam o povoado para estudar, pois a escola secundária fica em San Pedro e os poucos que buscam ensino superior vão para Calama. Assim, as mulheres assumiram a administração e com sua força mantém a agricultura e o pastoreio, além de terem construído uma igreja e uma escola primária para as crianças.


 
Chegamos no destino final, as Lagunas Altiplanicas, formadas pela erupção do vulcão Meñiques há milhares de anos atrás. A paisagem é linda, ao fundo, podemos ver também outro vulcão, o Miscanti. A vegetação ganha uma coloração amarelada, que contrasta com o azul da lagoa.


Estas lagunas ficam a mais de quatro mil metros de altitude, estão praticamente lado a lado, apenas alguns metros separam uma da outra. Surgiram devido à erupção de um vulcão, há cerca de um milhão de anos atrás. Estão ligadas por uma espécie de passagem subterrânea, de maneira que uma recebe a água da outra. No inverno chegam a congelar. É de uma beleza incrível. Não há como descrevê-las.
Um lugar no meio do nada, que aos poucos, a paisagem muda completamente e do que era inabitável, surge o incrível. Este passeio é impressionante e imperdível!!!


sábado, 27 de agosto de 2011

Deserto Atacama - Parte I


A temperatura já passava dos trinta e cinco graus e o ponteiro do relógio marcava dez da manhã. Isto é só um dos fenômenos impressionantes que ocorrem no deserto, durante o dia temperatura em torno de quarenta graus e a noite baixa bruscamente para dez. É considerado o local mais seco do planeta. Por isso, eles recomendam para beber muito líquido, de preferência, água.
Percorri por algumas agências de viagens para adquirir os passeios. Em San Pedro do Atacama há uma diversidade de lugares para se conhecer, e uma das maneiras mais práticas é comprar os “pacotes” que as agências oferecem. Você escolhe os lugares ao qual quer visitar e as agencias montam o “pacote”. Outro meio de conhecer esses locais é alugar um carro (no caso um 4x4, devido alguns lugares o acesso ser difícil), porém, é bom que se tenha um conhecimento prévio dos lugares que quer visitar.


Adquiri os seguintes passeios na agencia Corvatsch (www.corvatschchile.cl): Lagunas Cejar e Tebenquiche, Lagunas Altiplanicas, Geysers del Tatio e Valle de La Muerte / Valle de La Luna. Esses cinco passeios me custaram cerca de quarenta dólares.


Lagunas Cejar e Tebenquiche foi o primeiro. Saímos de van, por volta das duas da tarde da própria agencia. Apenas trinta quilômetros de San Pedro.  Estava mais de dois mil metros de altitude.  A primeira laguna onde paramos é a Cejar, de coloração esmeralda, cuja concentração de sal é tão intensa que impede que afundemos. Em termos de quantidade de sal, perde apenas para o Mar Morto. Para adentrar nestas águas é necessário alguns cuidados, por exemplo, entrar com algum calçado para não cortar os pés. Assim que saí da água percebi rastros brancos de sal nos braços e pernas. De volta a van, em dez minutos, chegamos ao Ojos del Salar,  são dois lagos redondos um ao lado do outro, que se formaram com a queda de dois meteoritos, quase do mesmo tamanho e com o mesmo tipo de borda, além de serem bastante profunda. Foi ali que tirei todo o sal que estava no corpo.
A Laguna Tebenquiche é um enorme lago de sal, na qual é possível caminhar. Neste passeio a agencia oferece um lanchinho, com bolachas, leite, chocolate e a tradicional bebida “Pisco Sour”, parecida com a nossa caipirinha.
De volta pra San Pedro, uma passagem rápida no albergue para tomar um banho. Em seguida aproveitei para conhecer melhor a cidade e jantar. São vários lugares para se comer, e o cardápio é bem variado, encontram-se restaurantes com pratos de diversos países.
Jantei no Casa de Piedra, (casadepiedra@sanpedroatacama.com) um tradicional restaurante que mescla cozinha chilena com cozinha internacional. Local amplo a aconchegante, e conta com uma boa música e apresentações ao vivo.
Depois da uma da madrugada a cidade literalmente para, todos os estabelecimentos fecham e não há muito que fazer. Voltei ao albergue e dormi.

sábado, 23 de julho de 2011

San Pedro do Atacama - Chile


                           Já passava das nove horas quando cheguei de volta ao albergue (www.chelagarto.com) em Santiago. Tomei logo um banho e fui jantar, havia comprado uns congelados, e juntamente com alguns hospedes me sentei à mesa. Em seguida, deixei minhas mochilas prontas, pois na madrugada, mais precisamente às cinco da manhã iria para o tão esperado Deserto do Atacama.





                     Há três opções para seguir de Santiago para a cidade de San Pedro do Atacama, de carro, ônibus ou avião. De carro, no meu caso, teria que alugar, e não pode ser um carro comum, pois ele não resistiria muito tempo devido a superfície irregular e a mudança de temperatura, portanto descartei esta possibilidade. Ônibus é uma boa opção pela empresa Turbus (www.turbus.com.cl), e a viagem tem duração em média de vinte e quatro horas, com preços na faixa de setenta dólares. Agora, se busca custo-benefício é melhor seguir de avião, são apenas duas horas que separam a capital do deserto, e a diferença do preço da passagem é de apenas quarenta dólares, convertendo, em média oitenta reais. Porém, é necessário comprar esta passagem com certa antecedência, e se possível, pela internet ou pelo telefone. Outro detalhe é comprar nas empresas aéreas chilenas. Se preferir comprar pela internet é necessário entrar no site principal da empresa, ou seja, no site em espanhol e fazer a compra por lá, sendo assim, o valor da passagem é bem mais barato. Pelo telefone é necessário ligar direto na empresa no Chile, uma atendente irá atendê-lo, assim começa a praticar o espanhol antes mesmo da viagem. Tanto pela internet como pelo telefone é necessário ter um cartão de crédito internacional. Agindo deste modo, é certeza de garantir um preço bem bacana na passagem.





                        Combinei com o taxista de me buscar no albergue às quatro da manhã. No horário combinado ele estava lá, seguimos até o aeroporto que fica cerca de trinta minutos do centro da cidade. Fiz o check-in, e aproveitei essas duas horas para dormir um pouco. Desembarquei no aeroporto da cidade de Calama, que fica à uma hora da cidade de San Pedro do Atacama, pois em San Pedro não há aeroporto.


De Calama a San Pedro há três opções: de taxi, de ônibus ou de van. Com muita conversa e um bom bate papo, é possível conseguir um taxi por um preço bem acessível, até porque, o taxi vai mais rápido. A van, por exemplo, tem que esperar dar lotação para seguir viagem, e o ônibus não tem toda hora.     




Em pouco mais de uma hora, chegamos a San Pedro, no caminho o taxista, muito simpático, ia me explicando sobre o Chile, sobre o que fazer e o que não fazer no deserto. Como lá em San Pedro os albergues não fazem reserva, confesso que estava sem rumo. Vi pela internet alguns lugares e teria que percorrer para saber se haveria vagas. Foi então que  pedi ao taxista me levar em um albergue que fosse bom e barato.
Ele me levou direto na Casa Adobe, que fica na Rua Domingo Atienza. O dono do albergue se chama Marcelo, os quartos são duplos, aconchegantes, os banheiros têm água quente e são bem limpos, o que não é muito bom é apenas a cozinha, que fica a três minutos do centro. Porém, pelo preço compensa, pois a diferença é muito grande em relação aos outros.


Depois que guardei as mochilas, percorri pelas inúmeras agencias de turismo para comprar um “pacote” e conhecer tudo o que o deserto tem a oferecer.
Daqui pra frente vamos comer poeira, literalmente.











quinta-feira, 7 de julho de 2011

VIÑA DEL MAR - CHILE

Assim como Santiago, para conhecer Viña del Mar a melhor maneira é caminhar.
A parte mais moderna da cidade, é formada por uma zona mais residencial, fica ao norte do estuário e suas ruas e quadras são planejadas de acordo com a Avenida Libertad, que corta de norte a sul a região. As ruas paralelas à Avenida Libertad ao oeste, ou seja, em direção ao mar, são chamadas de Poniente 1, 2, 3 e etc. As que ficam ao leste da avenida, são chamadas de Oriente 1, 2, 3, e etc. E as que cruzam a avenida são chamadas de Norte 1, 2, 3...
 Em tempos de férias as ruas estão lotadas de turista, a população da cidade chega a triplicar, em sua maioria são chilenos, porém, é fácil encontrar argentinos, paraguaios e brasileiros.




Com 300 mil habitantes, o balneário é conhecido como “La Ciudad Jardín”. Logo na entrada da cidade percebi o porquê de Cidade Jardim, trata-se do “Reloj de Flores” construído especialmente para dar boas vindas a Copa do Mundo de 1962, feito com flores artificiais, situado diante da praia de Caleta Abarca, ponto de confluência de turistas, sempre com suas megas câmeras em punho. Sem dúvida, é um dos grandes símbolos da cidade.
São mais de quatro quilômetros de praias.  Este cenário litorâneo gera uma paisagem “abrasileirada”, alegre e descontraída. O povo é acolhedor e os vendedores de rua oferecem seus produtos em real. Muitos restaurantes têm a bandeira do Brasil hasteada ao lado das bandeiras do Chile e de Viña del Mar. Foi num deste que parei para almoçar. Há diversas opções de restaurantes, estão ali presentes os mais renomados chef’s dos quatro cantos do mundo.


Viña é banhada pelas águas geladas do Oceano Pacífico e este clima de balneário está presente durante o ano todo. Em média a temperatura gira em torno de 10ºC a 22ºC no verão, podendo chegar a mais de 30ºC, porém, o inverno é bem rigoroso com temperaturas que oscilam de 2ºC a 8ºC.
Caminhei por toda extensão da praia mais conhecida da cidade, Reñaca. Sua principal característica são seus edifícios em forma de degrau, dando um charme exclusivo à sua orla.
Neste dia estava muito quente, o sol muito forte, e a praia lotada. Avistei um espaço na areia, deixei minhas coisas por lá e segui em direção a água. Como já haviam me alertado, pude comprovar a veracidade, realmente as águas que banham o litoral chileno são geladíssimas, ainda mais para quem está acostumado com o mar do Atlântico, a primeira sensação é de frio intenso e vontade de voltar para a areia, mas depois de uns vinte minutos você acaba se acostumando. O ideal para seu corpo acostumar com a água gelada e não passar frio é não se manter parado, sempre se movimentar.




Outro local para se conhecer são os cassinos, para quem gosta de testar a sorte o Cassino de Viña del Mar inaugurado em 1929 é uma boa pedida, mistura diversão e segurança.
O Jardim Botânico Nacional é outro atrativo, com cerca de 3.000 mil espécies distintas de plantas.
Além disso, o astral proporcionado pelo clima ensolarado deixam as pessoas mais "descoladas" e propícias à festas o ano inteiro. Isso mesmo, a cidade é animadíssima, principalmente na alta temporada, de novembro a março.
Dentre os eventos podemos citar o Festival Internacional de Cinema (considerado um dos festivais cinematográficos mais importantes do Chile) e o Festival Internacional da Canção, um dos mais conhecidos, realizado no anfiteatro localizado na Quinta Vergara, uma das maiores áreas verdes da cidade.



Assim como em Santiago, a rede de albergue Che Lagarto possui uma filial em Viña. E como em toda cidade turística, existem os mais variados hotéis, desde o mais simples até o luxuoso Sheraton Miramar Hotel.


sábado, 18 de junho de 2011

VALPARAISO - CHILE


São apenas cento e vinte quilômetros que separam a metrópole Santiago da tranquilidade de Valparaiso. Seria um dia bastante cansativo, porque teria que visitar duas cidades e voltar para Santiago à noite. Levantei bem cedo, fui de metrô até a Estação Rodoviária de Santiago, já que a melhor opção era seguir de ônibus.  A descida pela serra chilena é incrível, tendo como cenário a Cordilheira dos Andes.
A cidade de “Valpa”, como é chamada pelos chilenos, se caracteriza por ser uma cidade que resvala dos morros em direção ao mar. São 42 morros e colinas na cidade.
A vista do mar a partir destes morros é outro destaque a parte, assim como o principal porto do país. Centro histórico tombado pela UNESCO, oferece uma arquitetura colonial charmosa, com muitos restaurantes de frutos do mar, mercados e lojas.






Minha intenção em Valpa era conhecer a casa do grande poeta Pablo Neruda, que em 1971 recebeu o Prêmio Nobel de Literatura.
Da rodoviária de Valpa, peguei um ônibus (urbano), que me deixou a poucos metros da casa onde viveu o poeta.
A Casa-Museu chamada “La Sebastiana” foi o refúgio do poeta que queria fugir do cansaço que Santiago lhe trazia. Ele queria uma casa que não estivesse nem muito acima e nem muito abaixo da cidade, que deveria ser solitária, mas não em excesso e o desejo de que seus vizinhos fossem invisíveis.
A vista de lá é incrível, se vê toda a cidade e ao fundo as águas do Oceano Pacífico, a casa guarda objetos pessoais, mobílias dentre outras coisas do poeta. São cinco andares de muitas histórias.  Há guias especializados para contar um pouco mais sobre a vida, a obra e a casa do grande poeta.


Saí de lá e comecei a descer as imensas ladeiras, pois devido à inclinação dos morros, muitos setores afastados da cidade são inacessíveis por meios de transporte coletivo. É por isso que os populares ascensores (espécie de funicular) cumprem a função de comunicar a parte alta da cidade com a borda costeira, ademais de serem fortes referências turísticas. No total são quinze ascensores.


Outro detalhe interessante, são as casas, todas coloridas. Cada casa sempre tem um detalhe diferente uma da outra, seja a cor da porta, da janela, ou do telhado. Porém, o que mais me chamou atenção nestas casas é que em todas elas sempre há um poema, uma poesia escrita em destaque na porta de entrada.


Neste dia ainda teria que visitar a cidade de Viña del Mar antes de voltar para Santiago. Com o dever cumprido em Valpa, que era visitar a casa do poeta, peguei um ônibus e em menos de quinze minutos já podia sentir um ar diferente. O relógio marcava quase uma da tarde quando cheguei a Viña del Mar.